Porque gostamos tanto de bebés?
Não apenas dos nossos, humanos, mas de todos os bebés. Gatos fofinhos, cachorrinhos, pintos e pintainhos, patinhos, cordeirinhos – mesmo se depois acabarem no nosso prato. Gostamos de seres pequenos. Aqueles que podemos celebrar e nos deixam felizes só por existirem no mundo. Só poder cheirá-los, abraçá-los já é um privilégio tremendo, na verdade.
Gostamos, claro, sobretudo dos bebés humanos. São nossos, o
nosso pequeno milagre. Além da biologia, que nos faz sentir uma imensa necessidade
de proteger os mais frágeis, deve haver também uma certa necessidade de
inocência, de amor. De nos lembrarmos de quando nós próprios éramos assim
pequeninos e tudo era novidade e promessa.
Volto a pensar nisto com a Ema. Não é rara a vez em que saio
com ela e a vejo a sorrir para algum rosto desconhecido. Mesmo se esse alguém
estiver a usar uma máscara. Se não for o caso, e a pessoa lhe sorri de volta,
ela fica só a olhar ao longe até eventualmente sorrir também. Que se passará na
sua cabecinha enquanto isto acontece, e lhe traz as suas primeiras impressões
do mundo que habitamos? É tanto para absorver, para compreender. Para experimentar
e viver, afinal.
E de uma forma completamente diferente da nossa, cheia de
preconceitos, de adultos. É olhar a ver tudo de novo, algo de que
inevitavelmente nos esquecemos à medida que começamos a crescer, adquirimos
linguagem e interagimos com o universo. Sobretudo ao vivermos as primeiras
desilusões. Aquelas primeiras quedas, literais e metafóricas que, de alguma forma,
nos rompem a alma. As segundas, as terceiras. E é pena. Porque talvez não passemos
de crianças grandes.
Talvez seja a ingenuidade, a entrega absoluta de um bebé que
nos enche de alegria. Sorri inteiro, entrega um mundo bonito nesse sorriso, sem
preconceitos e sem maldade. Afinal, é
tão simples como o sorriso de um bebé a felicidade.
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