Mãe. Mãaae. Mãe.
Deixaste um vazio que ainda, cinco anos decorridos (incrível
como a dor distorce o tempo e o encolhe ao infinito), é maior que tudo. Sinto a tua falta num
grito que trago sempre mudo. Este texto não devia ser de tristeza mas de
alegria por teres existido, por nos termos conhecido. Por seres a minha mãe. Por há muitos anos me
devolveres sempre os parabéns pelo dia da mãe, por gritares o meu nome ao
infinito quando eu era pequenina e passava as tardes longe de casa a brincar,
pela história do senhor velho cigano que andavas sempre a contar e pela cesta
que te obriguei a comprar para o ajudar um bocadinho, quando morávamos na Foz. Pelas tuas palavras de amor,
sobretudo as nunca ditas com os lábios e sempre com o olhar. Pelos teus
jardins, pelas flores que te oferecia sempre por saber que as amavas como a nós
(digo-o mas sei do que falo, sei era impossível amá-las como a nós). Por todas as nossas idas ao café. E pelas conversas. Onde estás
tu mãe? Ainda hoje dava tanto para não teres sofrido. Já nem era para viveres
mais. Era só para não teres sofrido. Sinto a tua falta. De uma forma que engole
ainda tudo. Vai sempre ser maior que tudo. E quero o teu cheiro e a tua voz. E o
teu olhar. Para sempre.



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