Teletrabalho
Não sei se prefiro trabalhar em casa, na verdade. Passou mais de um ano em que, sem aviso (pelo menos para os menos atentos) e sem o esperar, passámos todos a trabalhar no sítio onde moramos com as nossas famílias, e incluímos no nosso vocabulário mais frequente a palavra teletrabalho.
Passou mais de um ano e aconteceu tanta coisa. Na vida de toda a gente. Ao mesmo tempo, alguma coisa em mim - que até tive mais uma filha e vi outra a ser operada à coluna e a recuperar durante este enorme, tremendo confinamento – esperava que estivesse tudo igual. Não sei bem porquê. Como se este período fosse uma espécie de congelar do tempo. Uma pausa. E depois voltávamos à nossa vida. Quando aprendêssemos uma qualquer lição. Mas não. Tudo mudou e aquele dia em que viemos para casa foi mesmo o fim de um tempo.
Tenho colegas incríveis e amigos entre eles, por isso,
diverti-me sempre muito no trabalho. Mesmo quando tinha tarefas mais difíceis ou outros problemas. Mas ríamos muito juntos, confiávamos e brincávamos e isso animava-nos
os dias. Com a vinda para casa, assim de repente e nada mais que de repente, isso desapareceu. Essa cumplicidade. Temos todos os meios de comunicação
possível e imaginável, mas, claro, não é a mesma coisa. Um abraço é um abraço.
É bom estar com a Ema em casa, claro. Não me entendam mal. Muito bom. Mas o
esbater da fronteira entre trabalho e vida familiar já não é tão bom, até pelos horários. Passou um
ano. E tudo mudou nas nossas vidas. O mundo do trabalho também – está a passar
por uma revolução. Para onde vamos agora? Será que alguém sabe?
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