Três dias

Foi uma viagem e tanto. Apenas três dias no total, se não contarmos com os dias das viagens para lá e para cá, mas couberam muitas experiências. 

Ela, a pequenita, dificilmente poderia ter-se portado melhor. Fez a viagem de ida, já depois da sesta da tarde, acordadíssima. E foram praticamente quatro horas de Lisboa a Elvas. Quatro horas de muita conversa e gargalhadas, na sua cadeirinha de transporte. Era a primeira vez num autocarro e ela, atenta e observadora, parecia querer absorver tudo o que de novo lhe trazia a experiência.

No restaurante, pela hora de jantar, as coisas não correram tão bem. Cansadíssima e sem dormir, a Ema chorou quase o tempo todo, ansiosa pela sua caminha. O problema é que a cama, claro, tinha ficado em Lisboa, por isso a noite foi extremamente dolorosa, como as primeiras que passou no mundo. Ainda antes da hora de dormir, sequer admitia perder-me de vista. Desatava a chorar como se o seu mundo tivesse desabado, com um desgosto de meter dó. E isso repetiu-se noite dentro. «Há crianças que estranham», disse a madrinha. Pois, eu percebi.

No dia seguinte as coisas começaram a correr melhor à medida que foi reconhecendo o espaço. Foi um tempo de experiências. Em três dias, coube uma cama e um espaço novos, restaurantes ao almoço e ao jantar, a primeira vez na piscina, o primeiro fato de banho mais fofo do mundo, o primeiro pequeno-almoço fora, a primeira ida a Espanha. Fomos a Badajoz, claro, levados pelo anfitrião mais querido do mundo, o senhor João, e também a Olivença, uma pouco mais distante da cidade.

Eu e o Rui jogámos muito snooker – somos os dois maus, felizmente – e rimos bastante. E no regresso a Ema riu ainda mais. Parecia honestamente feliz por regressar a casa. E voltou a dormir a noite toda, descansada com a sua boneca avó Maria.

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