... torna-te mais forte
Já houve duas espinhas seguidas. Um ou outro pedaço de fruta. Um bocado de pão. Até os fios da manga a fizeram tossir até conseguir expelir o que tinha na garganta. É um pouco surreal as coisas a que temos de sobreviver até chegar à idade adulta. E o facto de sermos muito mas mesmo muito mais resistentes do que pensamos.
Também aconteceu uma queda do sofá – e já há meses –; toques
de cabecita na parede. Dores de crescimento das boas. Não é fácil ver o nosso
bebé chorar, sobretudo quando fomos nós que lhe infligimos dor. Ou vê-lo
aflito, como quando a Ema se engasgou pela primeira vez com uma espinha
inusitada.
O coração disparou-nos no peito de uma forma inédita. Ficou
roxa, tossiu muito, quando a virámos de pernas para o ar enquanto lhe batíamos
nas costas. Aliás, nem são as quedas que me assustam mais. É mesmo o
engasgar-se, o engolir qualquer coisa que não deve. Tenho um pânico tão grande
que, apesar de ter já uma filha com quase 18 anos, quando a Ema era apenas uma
recém-nascida que se engasgava com o leite, toda eu tremia e sentia-me desamparada
e incapaz se o Rui não estava comigo.
Felizmente, essa fase e sensação passaram. Agora que é quase
tempo de ela começar a experimentar texturas, grãozinhos de arroz, também tenho
medo. Muito. Faz parte, não é? Também tenho receio que a Gabriela saia à noite
e não o posso evitar.
Ambas estão a crescer, cada uma no seu momento. É preciso
respirar fundo.



Comentários
Enviar um comentário