Regresso ao trabalho

Dia de voltar ao trabalho. É estranho. Foi um ano em casa. Tive uma gravidez de risco, por isso, por coincidência, entrei de baixa no dia 1 de Junho de 2020. E volto a 31 de Maio. Bem… hoje. É estranho, como disse.


Faz parte. No outro dia falaram-me no facto de o regresso implicar o início da separação. Do afastamento entre uma mãe e o seu bebé. É triste pensar nas coisas dessa forma. Mesmo triste. Até porque a separação começa no momento do nascimento, em que um ser humano sai de outro para viver a sua própria vida. Ao longo do crescimento, há momentos mais ou menos difíceis, de maior ou menor afastamento. Sei bem de que falo: sou mãe de uma adolescente. Que foi para o berçário teria apenas uns três ou quatro meses. Não aconteceria se tivesse nascido agora – de todo. Agora sou eu quem lhe pede sempre para ficar e ela quem quer sempre ir embora. Tem a sua juventude para viver e aproveitar, bem sei. A história é sempre a mesma, geração após geração.

Lembro-me do quanto os meus pais entristeciam quando eu vinha embora para Lisboa, trabalhar. E há vezes que preferia não ter vindo. Há tantas repetições nas nossas histórias pessoais, coisas que só entendemos quando é demasiado tarde.

Tudo isto para dizer que quero aproveitar bem com a Ema. Quero conhecê-la e acompanhá-la. Mas espero também não sufocá-la. Só existe amor em liberdade. Se não, não.

De volta ao tema do texto: o regresso ao trabalho. Vou trabalhar em casa nos próximos meses, não é tudo mau com a COVID-19. E poder passear e estar muito com a minha menina. É só uma nova fase das nossas vidas. E o que importa, mesmo se não estamos juntas, é o amor que nos une.

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